Descrição de chapéu Serviços 2020

Setor de serviços cresceu 22,2% no estado de SP em janeiro

Segmento é esperança de empresários e entidades para retomada pós-pandemia

São Paulo

Na virada do século 19 para o 20, tintureiros e amoladores de facas percorriam a pé as ruas de São Paulo oferecendo seus serviços.

O comércio se limitava a acanhados estabelecimentos, concentrados na rua da Quitanda e na rua das Casinhas (atual rua do Tesouro), onde se vendia de tudo um pouco. E ainda havia os ambulantes, que ofereciam mercadorias de porta em porta.

No livro São Paulo Naquele Tempo (1895-1915) (ed. Saraiva, 432 págs.), Jorge Americano conta que o leiteiro chegava às residências com uma ou duas vacas, para que fossem ordenhadas ali mesmo, na calçada.

Nova em folha, a pioneira Maternidade de São Paulo, fundada em 1894, começava a transformar a cultura do parto em casa. Epidemias como as da febre amarela e da varíola já assombravam a cidade os doentes eram tratados no Hospital de Isolamento da Capital, criado em 1880 e rebatizado, em 1932, como Emílio Ribas.

Pouco mais de um século depois, aquelas bucólicas ruas sem calçamento se tornaram a maior metrópole da América Latina. E nosso setor terciário virou uma potência.

Juntos, comércio varejista e serviços faturaram R$ 641 bilhões em 2019 para ter uma ideia, o PIB de todo o município foi de R$ 699,3 bilhões em 2017, dado mais recente divulgado pelo IBGE.

Um exército de 3,5 milhões de trabalhadores faz girar essa engrenagem, que vinha registrando números animadores até o início da pandemia do novo coronavírus.

Segundo a FecomercioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo), só o setor de serviços cresceu 22,2% em janeiro de 2020, comparado ao mesmo mês de 2019.

Mais tímido, mas ainda assim positivo, o crescimento do comércio varejista chegou a 4,6%. Para Guilherme Dietze, assessor econômico da FecomercioSP, a importância da economia paulistana vai além dos limites físicos da cidade, já que São Paulo é um grande centro de distribuição para todo o Brasil.

Regiões como a rua 25 de Março, o Brás e a rua Santa Ifigênia, que abastecem micro e pequenos negócios do país inteiro, são bons exemplos. Sempre que alguém pensa em realizar um negócio no Brasil, tem que parar em São Paulo.

Os impactos gerados pelo isolamento social serão significativos e de efeito prolongado, de acordo com Dietze.

Ainda não é possível dimensionar quanto tempo comerciantes e prestadores de serviço, dos micro aos gigantes, levarão para retomar os patamares de janeiro de 2020. Mas São Paulo tem força para tomar a dianteira na recuperação, diz o economista. "Aposto que não chegaremos a um quadro tão grave quanto o de outras cidades pelo mundo. E ainda serviremos de exemplo. A cidade é rica, a economia continua ativa e as empresas estão se reinventando".

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