Teatro e luz, viagens e livros são os alimentos orgânicos do fotógrafo italiano Sandro Giordano, 47, que a convite da Folha criou a capa da Cenários.
Essa “brasiliana”, com ecos do noticiário internacional sobre o país em 2019, é uma extensão do projeto “In Extremis - Bodies with no Regrets” (no limite, corpos sem arrependimentos).
A ideia de retratar gente caída surgiu em 2013, depois de levar ele mesmo um tombo de bicicleta. Na queda, percebeu que, em vez de se proteger, tentou salvar os objetos que levava. Transformou tragédia em comédia.
Giordano planeja da roupa do modelo aos objetos cênicos. Para esta capa, buscou algo que remetesse imediatamente ao Brasil.
“Não queria desmerecer a imagem da mulher”, diz, sobre a escolha do figurino. Mas, no imaginário coletivo, segundo o artista gringo, o Carnaval do Rio é a mais óbvia representação do país. “Vejo o Brasil como uma mulher bonita, curvilínea, cheia de vitalidade e otimismo, pronta para se levantar e sair das cinzas.”
Giordano estudou desenho de produção teatral e trabalhou como engenheiro de luz e som e ator.
Na fotografia, suas influências magnas são os diretores Pedro Almodóvar e John Waters: o primeiro por contar tragédias com ironia e colorido, o segundo por seu cinismo que desafia a lógica.
Ele nunca veio ao Brasil (“é tão grande que intimida, não saberia por onde começar”). Para 2020, deseja que aqueles que hoje contribuem para piorar o planeta adquiram novo sentido de responsabilidade.
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