Descrição de chapéu Descubra sãopaulo 2020

Cinco drinques de quatro países para provar pelos balcões da cidade

Experimente criações do Japão, da Coreia do Sul, da Palestina e de Camarões

Luiz Antônio del Tedesco
São Paulo

Conheça cinco coquetéis exóticos com sotaque para pedir na noite.

Djindja e mukua, Camarões

A camaronesa Melanito Biyouha criou em 2007 o restaurante Biyou’Z, diminutivo de seu nome de família. De início, se dedicou à culinária de seu país, mas depois começou a fazer pratos de países vizinhos, 
como Nigéria e Gabão, e não tão vizinhos, como Senegal e Angola. Está dando tão certo que em 2019 abriu uma filial na rua Fernando de Albuquerque (Consolação). 

As duas casas atraem não só quem quer provar da culinária africana, mas também das suas bebidas.

Uma das mais curiosas é a mukua, feita com melancia e o fruto do baobá, a enorme árvore africana tão conhecida pelos que leram “O Pequeno Príncipe”. O fruto, pela sua forma, lembra o cacau. Mas dentro há uma polpa seca, que se tritura para fazer a bebida.

Djindja, drinque com laranja e gengibre do restaurante africano Biyou'Z
Djindja, drinque com laranja e gengibre do restaurante africano Biyou'Z - Keiny Andrade/Folhapress

“As pessoas ficam  curiosas para provar, principalmente as crianças que conhecem a história do Pequeno Príncipe”, diz Melanito. Por isso, a bebida é geralmente consumida sem álcool. Os adultos podem experimentar a versão alcoólica, geralmente feita com cachaça (R$ 25). 

“A semente do baobá, chamada mukua, é encorpada, por isso mistura-se com melancia, para resultar em um gosto mais suave”, explica a chef camaronesa. 

Mas o drinque tradicional mesmo no Biyou’Z é a djindja (R$ 21), corruptela para “ginger” (gengibre), ingrediente levado pelos ingleses que colonizaram o sul de Camarões. A versão do djindja que Melanito faz leva, além do gengibre, limão, laranja, açúcar e cachaça. 

“Lá em Camarões costuma-se fazer álcool a partir dos troncos das palmeiras. O tronco é moído e dele se retira um líquido branco, que depois é destilado”, conta. 

Biyou’z - Al. Barão de Limeira, 19, Campos Elíseos, tel. 3221-6806. Seg. a dom.: 12h às 23

Majâz, Palestina

Na Vila Buarque, há uma trilha em direção a algo. Esse algo é a Palestina. E essa trilha é o Majâz, que em árabe significa… trilha em direção a algo.

Ao criarem o restaurante, em 2018, os irmãos Mouhammad e Raame Othman aproveitaram o formato do terreno e reproduziram o mapa original da Palestina, pré-1948: entra-se pelo norte, como se estivesse vindo do Líbano. 

Na carta de drinques, o imperdível majâz (R$ 24), criado pelo bartender e doutor em relações palestino-israelenses Arturo Hartmann. Aliando cachaça e arak, reproduz as cores da bandeira Palestina: o verde do limão, da hortelã e do zaatar, o vermelho da pimenta-biquinho e o preto da pimenta-preta. 

Majâz - R. Fortunato, 88, Vila Buarque, tel. 3334-0118. Ter. a qui.: 18h às 23h45; sex.: 18h às 2h; sáb.: 12h às 2h; dom.: 12h às 18h.

​Khaennip Sour, Coreia do Sul

Bar do Komah, cria do restaurante homônimo, surgiu há pouco mais de um mês e já é sucesso. 

O local, pequeno e de arquitetura moderna, oferece petiscos tradicionais coreanos e drinques 
curiosos. Como ingrediente, tanto nos petiscos como nas bebidas, está o kimchi, vegetais (nabo 
e acelga, principalmente) que ficam fermentando com pimenta por cerca de 15 dias.

O álcool quase sempre vem do soju, destilado comumente feito de arroz, mas que pode também vir da batata-doce ou da cevada. 

Um drinque do bar que respeita essa tradição é o khaennip sour (R$ 32), que leva soju, gin Tanqueray, suco de limão, açúcar, clara de ovo e khaennip, folha de gergelim selvagem, comum na Coreia.

Apesar de ser um destilado, o soju não tem uma alta graduação alcoólica —por volta de 22°, abaixo da cachaça, que varia em torno de 40°.

Prove também o kimchi mary, feito com vodca Ketel One, suco de tomate da casa, kimchi 
de acelga, mix de temperos e suco de limão.

Bar do Komah - R. Cônego Vicente Miguel Marino, 378, Barra Funda, tel. 3392-7072. Seg. a qua.: 18h30 à 0h; qui. e sex.: 18h30 à 1h; sáb.: 17h à 1h.

Drinque Kimchi Mary, do Bar do Komah
Drinque Kimchi Mary, do Bar do Komah - Gui Galambeck/Divulgação

​Umeshu Soda, Japão

Kaori Muranaka está no Brasil desde 2013. A convite do irmão, que estava montando um restaurante na Vila Madalena, veio ajudá-lo na empreitada e deixou a sua pequena ilha natal de Ogasawara. 

Passado um tempo, o restaurante —na verdade um izakaya, mais um bar do que restaurante— se mudou para o Jardim Paulista, e Takahiro, o irmão, foi passar um tempo estudando gastronomia no Japão. Em março de 2019, Kaori assumiu então momentaneamente o Quito Quito

É ela quem prepara os tradicionais e incomuns pratos que serve ali, como a pele de robalo com molho ponzu (feito com limão) ou pescoço de olhete grelhado.

Na prateleira atrás do balcão, as garrafas de uísque e shochu (as de saquê ficam na geladeira) com os nomes dos clientes grafados em japonês mostram que o Quito Quito é um izakaya frequentado pela comunidade japonesa (no dia da visita, o repórter da Folha era o único ocidental e não “nipoglota” ali).

Kaori conta que, no Japão, apesar de haver algumas tradições, como a de acrescentar água quente ao shochu (“fica mais cheiroso e com um sabor mais suave”, diz ela), é mais comum servir bebidas alcoólicas como saquê e shochu puras.

No Quito Quito, os clientes, quando querem um drinque, geralmente pedem uma caipirinha com shochu no lugar da cachaça. Mas a bebida oriental de maior sucesso ali leva apenas shochu de ameixa e água com gás (R$ 35).

Ela coloca uma pedra de açúcar e as ameixas em uma garrafa de shochu e deixa (ou deveria deixar) maturando por um ano. Depois é só misturar com a água. 

“A última garrafa abri após quatro meses. É muito gostoso, não consegui esperar.” 

Quito Quito - Al. Campinas, 1.179, Jd. Paulista, tel. 3586-4730. Seg. a sáb.: 18h às 22h30.

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