Descrição de chapéu Cenários 2019-2020

Das hienas ao óleo, faça um passeio por 2019 em 19 charges

Relembre sátiras que abordam os principais episódios do ano

O vídeo em que o presidente Jair Bolsonaro se comparava a um leão atacado por hienas, foliões fantasiados de laranjas no Carnaval em alusão às candidaturas falsas do PSL, manchas de óleo que surgiram nas praias do Nordeste no maior desastre ambiental do litoral brasileiro. Os principais acontecimentos de 2019, no país e no mundo, inspiraram charges publicadas na página de Opinião da Folha durante o ano.  

Confira uma seleção delas e relembre episódios que marcaram o Brasil nos últimos 12 meses.

Julgamento do povo 

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Charge de 3 de outubro - Benett/Folhapress

O STF (Supremo Tribunal Federal) caiu na boca do povo, e seus ministros passaram a ser alvo de manifestantes, que consideram suas decisões partidárias. Em 2 de outubro, o tribunal definiu por 7 votos a 4 que réus delatados devem se manifestar por último no processo, o que poderia levar à anulação de sentenças da Lava Jato. 


Metáforas animais
 
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Charge de 31 de outubro - Benett/Folhapress
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Charge de 14 de outubro - João Montanaro/Folhapress

Vídeo na conta do presidente no Twitter, em outubro, o comparou a um leão ameaçado por hienas —essas, por sua vez, representando STF, OAB, feminismo, PT, PSOL e imprensa. As metáforas animais começaram a circular em julho, com um meme inspirado no filme “O Rei Leão”, em que Bolsonaro apresenta o filho Eduardo ao mundo. A expressão “hakuna matata”, do longa, virou “hakuna mamata”, uma crítica à indicação do filho caçula de Bolsonaro para a embaixada em Washington. “Se puder dar um filé mignon ao meu filho, eu dou”, disse.

Agora é crime

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Charge de 14 de fevereiro - Benett/Folhapress

O Supremo Tribunal Federal enquadrou homofobia e transfobia como crime de racismo, em 13 de junho. Em fevereiro, antes de o julgamento começar, 22 parlamentares da bancada evangélica tiveram uma audiência com o ministro Dias Toffoli para pedir que o tema fosse retirado de pauta.

Compromisso

Charge de 3 de novembro
Charge de 3 de novembro - Jean Galvão/Folhapress

Ao longo do primeiro ano de seu mandato, o presidente Jair Bolsonaro atacou frequentemente órgãos de imprensa, entre eles a Folha; o jornal reafirma seu compromisso de seguir fazendo uma cobertura isenta, crítica e equilibrada do governo federal, assim como fez de todos os anteriores.

Treta de Natal

pintinho pergunta para a mãe "e agora?, a mãe responde "agora recomeça oficialmente a temporada natalina de discussão em família"
Charge de 9 de setembro - Alexandra Moraes/Folhapress

Em 8 de novembro, após 580 dias cumprindo pena, o ex-presidente Lula deixou a prisão em Curitiba, beneficiado pela decisão do STF que, no dia anterior, alterara a jurisprudência sobre a prisão em 2ª instância. Lula aguarda outro julgamento do STF, ainda sem data, sobre a alegada suspeição do ex-juiz Sergio Moro ao condená-lo na Lava Jato.

Daqui não saio

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Charge de 1° de outubro - Laerte/Folhapress

A Lava Jato recomendou à Justiça a concessão da progressão de regime para Lula, mas o petista não aceitou deixar a prisão. Solto após decisão do STF, o ex-presidente fez discurso atacando Sergio Moro e se referindo à gestão Bolsonaro como de milicianos.

Hipnotizados

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Charge de 21 de março - Benett/Folhapress

Até a aprovação do texto-base no Senado, ocorrida em 22 de outubro, foram oito meses de noticiário dominado pela mudança nas regras da Previdência. A proposta inicial previa economia de R$ 1,2 trilhão em uma década; após a desidratação no Congresso, o montante baixou para R$ 800 milhões.

Meu mundo caiu

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Charge de 22 de outubro - Laerte/Folhapress

 

Uma onda de protestos surgiu no Chile em outubro e deixou 23 mortos, balançando a imagem de estabilidade social e econômica do país, citado como modelo por vários economistas liberais, entre eles o ministro da Economia, Paulo Guedes.

Nação biruta

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Charge de 19 de setembro - Benett/Folhapress

Charge satiriza o primeiro discurso de Bolsonaro na abertura da Assembleia Geral da ONU, em setembro. Havia grande curiosidade sobre o teor da fala do presidente e até uma aposta em moderação. Ela veio agressiva, com ataques indiretos à França e à Alemanha, diretos a esquerdistas e com a defesa de uma mistura de valores conservadores, liberais e globalistas.

Bandeira branca

Bandeira do Brasil manchada de sangue com a frase central trocada para "surpresa, medo e violenta emoção"
Charge de 23 de setembro - João Montanaro/Folhapress

Um dos pontos mais polêmicos do projeto da lei anticrime apresentada por Sergio Moro em fevereiro era o excludente de ilicitude, que exime agentes da lei de punição quando matarem em serviço por “escusável medo, surpresa ou violenta emoção”. A proposta caiu em setembro. No mesmo mês, a menina Ágatha Félix, 8, morreu após levar um tiro disparado por um policial militar no Rio. Em novembro, o governo enviou à Câmara um projeto que pretende aplicar a medida a policiais e membros das Forças Armadas em operações de Garantia da Lei e da Ordem.

Dois presos e um porteiro

Charge de Laerte intitulada investigando o caso Marielle, traz um homem segurando uma uma lupa olhada para as pegadas no chão atrás de uma cancela. Em primeiro plano, as pegadas estão mais escuras e vão sumindo no sentido de céu.
Charge de 5 de novembro - Laerte/Folhapress

Foram presos no Rio, em março, dois suspeitos do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL): o PM reformado Ronnie Lessa e o ex-PM Élcio Vieira de Queiroz. Em outubro, a TV Globo veiculou reportagem sobre depoimento de porteiro do condomínio onde Jair Bolsonaro e Lessa têm casas. Horas antes do crime, Élcio teria dito que iria à casa de Bolsonaro e que “seu Jair” teria autorizado sua entrada, mas o então deputado estava em sessão no Congresso naquele dia. No mês seguinte, o porteiro mudou seu depoimento.

Expulso da escola

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Charge de 7 de abril de 2019 - Jean Galvão/Folhapress

 

O colombiano Ricardo Vélez Rodríguez foi demitido da pasta da Educação em 8 de abril, após três meses de paralisia e polêmicas. Foi substituído pelo economista Abraham Weintraub. Em novembro, relatório de comissão da Câmara mostrou que a paralisia continua. A nova Política Nacional de Alfabetização ainda não saiu do papel.

Invadiu sua praia

charge Laerte 22 de outubro - óleo no Nordeste
Charge de 22 de outubro - Laerte/Folhapress

Manchas de óleo apareceram no litoral da Paraíba em 30 de agosto. Em seguida, atingiram todo o Nordeste e avançaram para o Sudeste. O governo demorou 41 dias para acionar o Plano Nacional de Contingência estabelecido em 2013 para fazer frente a casos de vazamento de petróleo. Até o final de novembro, 4.700 toneladas de resíduos foram recolhidas entre o Maranhão e o Rio. A responsabilidade não havia sido esclarecida até o fechamento desta edição.

Toco na floresta

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Charge de 29 de agosto - João Montanaro/Folhapress

Em julho, dados preliminares do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) revelaram que mais de 1.000 km² de floresta haviam sido derrubados só na primeira quinzena do mês, aumento de 68% em relação ao mesmo período de 2018. O presidente Bolsonaro questionou os dados científicos e disse haver uma campanha global pela internacionalização da Amazônia. Em agosto, no auge das queimadas na Amazônia, o presidente recusou a ajuda de US$ 20 milhões oferecida pelo G7. Em novembro, confrontado com novos dados, ele disse que a prática não vai ter fim: “Você não vai acabar com o desmatamento nem com as queimadas. É cultural”. De agosto de 2018 a julho de 2019, o Brasil bateu o recorde da década em destruição da floresta amazônica.

Tragédia no Ninho

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Charge de 10 de fevereiro - Jean Galvão/Folhapress

A charge acima homenageia as vítimas do incêndio no Ninho do Urubu, o centro de treinamento do Flamengo, no dia 8 de fevereiro. Morreram dez atletas das categorias de base, garotos que dormiam em contêineres. A hipótese é que o fogo tenha começado após um curto-circuito no ar-condicionado de um dos dormitórios. Em junho, o ex-presidente rubro-negro Eduardo Bandeira de Mello e outras sete pessoas foram indiciadas pela Polícia Civil do Rio por dolo eventual (quando se assume o risco) nas mortes dos adolescentes.

O tom do Carnaval

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Charge de 6 de março de 2019 - Claudio Mor/Folhapress

No Carnaval, a política deu o tom das fantasias nos blocos de rua. O laranja foi a cor eleita, em referência ao escândalo das candidaturas falsas do PSL. Já Bolsonaro atacou a lei Rouanet. Em resposta à música “Proibido o Carnaval”, de Daniela Mercury e Caetano Veloso, que criticava o rosa e azul da ministra Damares Alves, ele postou uma marchinha dizendo: “O nosso Carnaval não está proibido/ Mas com o dinheiro do povo não será mais permitido”.

Na minha telinha, não

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Charge de 17 de agosto - Alexandra Moraes/Folhapress

Em agosto, após Bolsonaro dizer que o governo iria “abortar” obras audiovisuais com temática LGBTQ+, o ministro da Cidadania, Osmar Terra, cancelou edital da Ancine (Agência Nacional do Cinema) que liberaria verba de R$ 70 milhões. O então secretário da Cultura Henrique Pires afirmou que renunciava ao cargo em protesto. Em outubro, a Justiça Federal considerou a medida tentativa de censura e determinou que o edital fosse retomado.

O beijo da discórdia

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Charge de 8 de setembro - Jean Galvão/Folhapress

Além de dezenas de memes, virou também figurinha o beijo gay de “Vingadores - A Cruzada das Crianças”, HQ censurada na Bienal do Livro do Rio por Marcelo Crivella (PRB). O prefeito mandou recolher os gibis, que traziam dois rapazes se beijando, para “proteger os menores”.

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