Descrição de chapéu Descubra sãopaulo 2020

Imigrantes contam quais são os seus lugares preferidos em São Paulo

Estrangeiros explicam por que escolheram a cidade para viver

São Paulo

Imigrantes de seis países —Nigéria, Estados Unidos, Coreia do Sul, Síria, Bulgária e Bolívia— dizem por que vieram morar na capital paulista e indicam seus lugares favoritos na cidade.

Julius Oni, 69, Nigéria

Foi um golpe de Estado que motivou Julius a deixar a sua terra, em 1975. O Brasil chamou a sua atenção pela proximidade com a cultura africana. Ele chegou primeiro ao Rio e, em 1978, se mudou para a capital paulista, ao ser aprovado em psicologia na USP. Deixou o curso um ano antes de conclui-lo, para trabalhar como professor de inglês.

Uma surpresa foi ter que enfrentar o racismo aqui. “Como o Brasil tem uma grande população negra, achei que me sentiria em casa, mas não foi o que aconteceu.” 

Ele conta que passou por inúmeras situações de discriminação, desde alunos que saíram da sala ao ver um professor negro até garçons que se recusaram a servi-lo.

O que mais gosta em São Paulo são os amigos que fez aqui. “Como trabalho de domingo a domingo, sobra pouco tempo para sair”, diz ele, que mora no Campo Limpo. 

Costuma ir aos restaurantes Coco Bambu e Outback, no shopping Market Place, e Braugarten, na Berrini. Seu lugar preferido é a avenida Paulista, por causa das livrarias Cultura e Martins Fontes.

Christina Kirby, 26, Estados Unidos

“Muita gente me pergunta o que eu estou fazendo aqui. O que mais gosto no Brasil são os brasileiros, em geral pessoas muito alegres e acolhedoras”, diz Christina, que mora há dois anos em São Paulo.

A americana se apaixonou pelo país em 2015, quando fez uma viagem em que passou por Rio, Paraty, Ilha Grande e São Paulo. Decidiu morar aqui durante seis meses em 2016, antes de fazer seu mestrado em neurociência e educação em Harvard, nos Estados Unidos.

Conseguiu uma bolsa para voltar ao Brasil e trabalhar no escritório da universidade em São Paulo, com projetos ligados à primeira infância. Com o fim da bolsa, passou a atuar na mesma área em uma fundação.

Moradora de Santa Cecília, Christina vai todos os fins de semanas passear no Minhocão. Para ler e relaxar, prefere os parques da Água Branca e Buenos Aires.

Amante de música brasileira, ela costuma ver shows gratuitos no Sesc Pompeia ou onde eles aparecerem. “São Paulo é a cidade com maior oferta cultural que conheço.”

Chun Do Myung, 60, Coreia do Sul

Chun Do Myung chegou a São Paulo em 1971, aos 12 anos de idade, trazido pelos pais. “Na época, a Coreia era muito pobre. Aqui parecia o paraíso para mim. Tinha chocolate e sorvete, regalias a que só a classe alta tinha acesso lá.”

Em 1987, formou-se em medicina pela Santa Casa, onde conheceu sua mulher, também coreana, com quem teve quatro filhos. Durante sete anos, os dois trabalharam como médicos voluntários no Nordeste. 

Lá, Chun virou Jairo, nome bíblico escolhido por ele para facilitar a comunicação com os pacientes —e que usa até hoje. Religioso, em 2002, abdicou da medicina para se tornar pastor na Igreja Presbiterana Unida Coreana de São Paulo, no Bom Retiro, bairro com forte presença de imigrantes do país asiático.

A região é uma das preferidas do pastor para comer na cidade. Ele indica as casas na rua Correia de Melo, em especial o restaurante Dare. Seus pratos favoritos são o bulgogui, churrasco adocicado, e o kimchi, acelga fermentada. Perto dali, ele também recomenda padarias e cafeterias coreanas, caso de Fresh Cake Factory, Bellapan Bakery e Um Coffee Co.

Morador da Vila Mariana, frequenta o parque Ibirapuera, onde caminha com a mulher. Seu programa favorito é ir ao cinema com os filhos. A sala mais frequentada pela família é a do shopping Cidade São Paulo, na avenida Paulista. 

Yamam Saad, 30, Síria

Depois que a guerra civil começou na Síria, em 2011, Yamam viu quase todos os seus amigos deixarem o país. Um deles veio para São Paulo e, em 2016, ela aceitou o seu convite para tentar a vida no Brasil.

Arqueóloga no Museu Nacional de Damasco, aqui, Yamam se tornou professora de árabe. Hoje, ela mora na Vila Mariana, mas está de mudança para o Paraíso.

Seu lugar preferido é a avenida Paulista, principalmente aos domingos, quando a via fica fechada aos carros. Além do Ibirapuera, onde costuma correr, ela também recomenda o parque da Cantareira —em especial a trilha que leva à Pedra Grande, de onde dá para ver a cidade do alto.

O que mais gosta na capital paulista é diversidade gastronômica, algo não encontrava em Damasco. Aqui ela fez uma grande descoberta: o sistema de rodízio. Seus restaurantes preferidos são o japonês Koji Sushi e a churrascaria Boi Preto. “Só tem comida boa, engordei muito desde que cheguei.”

Maria Gudelova, 34, e Spas Karabelov, 37, Bulgária

Acostumado com o frio da Bulgária, Spas se encantou com o verão paulistano e com a natureza do parque Ibirapuera quando esteve na cidade a negócios em 2010. Isso influenciou para que, seis anos depois, ele aceitasse a proposta de uma empresa para ser gerente de tecnologia da informação aqui. 

“Vi que brasileiros e búlgaros são muito parecidos: amigáveis e trabalhadores.” Consultora na mesma área, sua esposa, Maria, o acompanhou na mudança. E, em São Paulo, nasceram Boris, 3, e Sofia, 1.

Aos sábados, o programa favorito da família é comer pastel e tomar caldo de cana na feira da rua Diogo Jacome e depois ir caminhando até o Ibirapuera. Também costumam passear no Jardim Botânico e no parque Alfredo Volpi

Antes dos filhos, o casal ia com frequência à Sala São Paulo para assistir a apresentações de orquestras, algo menos acessível na Europa, pelo preço e pela dificuldade de conseguir ingressos, dizem eles.

Recentemente, os dois conheceram os restaurantes D.O.M. e Mocotó. “Agora que nós estamos mais acostumados à culinária daqui, tivemos a oportunidade de apreciar melhor a qualidade desses lugares”, afirma Spas. 

Nelly Burgoa, 52, Bolívia

Aos 19 anos, Nelly veio a São Paulo visitar seus três irmãos que já moravam aqui. Uma amiga a convenceu a fazer um curso técnico em ótica e, logo, ela arrumou um estágio na área. Resolveu, então, ficar no Brasil. 

Por dez anos, foi funcionária de uma rede de óticas, até o dia em que seu patrão não quis lhe pagar a comissão por ter sido a melhor vendedora. “Ele disse que eu não tinha o direito de reclamar porque era estrangeira.”

Com a ajuda de um médico e de seus irmãos, abriu sua própria ótica, em Santana, bairro onde mora. Há um ano, inaugurou uma unidade na rua Bresser, onde atende principalmente imigrantes latino-americanos.

Para mostrar as raízes do seu país a seus dois filhos e três netos, Nelly costuma ir aos domingos à feira na praça Kantuta, que reúne a comunidade boliviana no Canindé. Ali, gosta de assistir a danças típicas e comer o plato paceño, receita que leva milho, favas, batata e queijo.

Para um passeio em família, ela também recomenda o Sesc Avenida Paulista, que “tem um mirador hermoso, um restaurante agradável e espaço infantil”.

Adepta de um estilo de vida saudável, a empresária pratica corrida no parque Ibirapuera e na avenida Braz Leme, na zona norte. Seu restaurante preferido é o Cachoeira Natural, bufê com variedade de saladas, no Itaim Bibi.

Aonde ir

Bellapan Bakery, r. Prates, 563; Boi Preto, churrascariaboipreto.com.br; Braugarten, brau.com.br; Cachoeira Natural, cachoeiranatural.com.br; Cidade São Paulo, shoppingcidadesp.com.br; Coco Bambucocobambu.com; Um Coffee Co., umcoffeeco.com.br; Dare, r. Correia de Melo, 54; D.O.M., r. Barão de Capanema, 549; Fresh Cake Factory, r. Prates, 599; Jardim Botânico, av. Miguel Stéfano, 3.687; Kantuta, r. Pedro Vicente, s/n, Canindé; Koji Sushi, kojisushi.com.br; Livraria Cultura, livrariacultura.com.br; Martins Fontes, av. Paulista, 509; Market Place, iguatemi.com.br/marketplace; Mocotó, mocoto.com.br; Outback, outback.com.br; parque Alfredo Volpi, av. Eng. Oscar Americano, 480; parque Buenos Aires, av. Angélica, 1.500; parque da Água Branca, av. Francisco Matarazzo, 455; parque Estadual da Cantareira Núcleo Pedra Grande, r. do Horto, 1.799; parque Ibirapuera, parqueibirapuera.org; Sala São Paulo, salasaopaulo.art.br; Sesc, sescsp.org.br

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