Descrição de chapéu Análise

Todos os clichês que limitavam futebol feminino a 'chato e sem graça' caíram em 2019

Mais de 30 milhões viram Brasil x França na Copa; próximo ano promete ainda mais

Renata Mendonça

"Ninguém liga para futebol feminino." Todo o mundo já ouviu essa frase. Há outra variável repetida mundo afora: futebol feminino não dá audiência. Após 2019, vai ser difícil defender esses argumentos, que se mostraram vazios diante de uma temporada histórica. 

Este ano derrubou todos os clichês que limitavam o futebol das mulheres a “chato e sem graça”, sem interesse público. 

A Globo bateu recordes mundiais com os jogos da seleção na Copa, entre junho e julho. Foram mais de 30 milhões de pessoas acompanhando Brasil x França, maior audiência da história do torneio feminino. Até mesmo a final, sem a seleção em campo, rendeu 19 milhões de espectadores, mais do que o registrado nos EUA, país das campeãs do mundo. 

Para além da Copa, é preciso falar de outro fator que fez de 2019 um marco. Conmebol e CBF passaram a exigir que os clubes mantenham equipes femininas para disputar a Série A e a Libertadores. Isso ampliou o número de times para elas: foram 36 na série A2 (segunda divisão) e 16 na série A1. 

O Campeonato Paulista atingiu recordes com os quatro principais clubes do estado na disputa. A temporada não poderia ter final mais feliz do que aquele na decisão em Itaquera, com 28 mil torcedores.

Quem ainda insiste que futebol feminino “é chato” não deve ter visto essa final Majestosa. Teve bicicleta da atacante Cristiane (São Paulo), golaço da meia Vic (Corinthians) por cobertura e emoção pra ninguém botar defeito. 

Quem repete que “ninguém liga” está ignorando as 108 milhões de pessoas alcançadas nas transmissões do Mundial por aqui. Quem diz que não dá audiência fica sem resposta ao ser confrontado com os recordes dessa Copa, sem falar na alavancada de audiência que a Band teve ao transmitir o Brasileiro feminino. E o SporTV superou até a Premier League com o Paulista das mulheres. 

O próximo ano promete ainda mais. A primeira divisão ganha quatro times de camisa —Palmeiras, São Paulo, Grêmio e Cruzeiro—, e a disputa entre as TVs para transmitir os jogos já começou. 

Também houve reformulação nas seleções femininas, agora finalmente com mulheres no comando —a sueca Pia Sundhage na principal e Simone Jatobá na sub-17.

Com os Jogos Olímpicos de Tóquio à vista, o futuro parece promissor. E para aqueles que não gostam, não tem problema: é só não assistir. As mulheres superaram até mesmo uma proibição por lei durante quatro décadas e não pararam de jogar; acham mesmo que elas vão parar por causa de vocês? 

Renata Mendonça é colunista

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