Se 2019 foi um ano tenso na América Latina —eleições turbulentas, renúncias, suicídio de ex-presidente, manifestações de rua—, 2020 não parece que será mais tranquilo.
Este cenário deve continuar devido a particularidades de cada país, uma estagnação econômica que vive a região, uma crise de representatividade que inquieta a sociedade e uma espécie de efeito-contágio que os protestos provocam em países vizinhos.
O Chile, apesar de ter marcado eleição para nova Constituinte, ainda não se acalmou; a Bolívia deve seguir por meses cindida após a saída de Evo Morales e a falta de perspectiva, por ora, de uma eleição justa; e o Equador só adiou uma crise latente entre o atual governo e a população indígena.
Mas estes são os quadros que já estiveram complicados em 2019 e que não se resolveram, ainda, nesta virada de ano.
Outros países começam a entrar em ebulição. Na Colômbia, o desgosto da população com o governo tem vários motivos: aumento da violência devido às falhas da implementação do processo de paz; aumento do desemprego; não solução do problema daqueles que foram expulsos de suas casas pelas guerras internas; a chegada de mais de 1 milhão de venezuelanos que fogem da crise humanitária em seu país.
Por sorte, isso nem de longe lembra a Colômbia da época da guerra ao narcotráfico e dos ataques dos cartéis e das facções criminosas, quando havia bombas nas cidades e aviões eram derrubados. Porém, volta a lembrar que a violência parece ser parte da tradição histórica colombiana, tão bem descrita nas obras de Gabriel García Márquez (1927-2014), e que todo esforço de governo e sociedade serão necessários para alcançar nova forma de convivência com os que por quase seis décadas pregavam a luta armada.
Também o México vive maus momentos.
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