Cada ano desde 2013 teve sua cota de tumulto político, o que contribuiu para arruinar a economia ou frustrar até esperanças recatadas de fim desta crise, inédita no Brasil desde o início do século 20.
Um brasileiro assim escaldado tem ainda mais medo da fria que é fazer previsão econômica. No mínimo, vai prestar atenção nas manhas da política em 2020 antes de arriscar qualquer chute sobre o PIB do ano que vem.
Como se não bastasse, há como sempre o risco de choques externos, da economia mundial, que também está especialmente sujeita a tumulto político.
Em 2020, haverá eleição no Brasil. Uma disputa municipal não seria motivo de preocupação caso a economia não estivesse ainda em convalescença, mal levantando da cama, ou se fosse normal a relação de Jair Bolsonaro com Congresso, partidos e o resto do sistema político, seu governo inclusive. Mas não é assim.
A economia depende de ajustes profundos, ora de responsabilidade quase inteira do Congresso, pois o presidente não tem coalizão política ou boa relação com os partidos. Portanto, mesmo com a boa vontade do “parlamentarismo branco”, é incerto o destino das “reformas”, ainda mais porque não se sabe como Bolsonaro vai participar da eleição. De resto, ano eleitoral é curto, com menos tempo para o Congresso votar projetos importantes, que podem ficar para 2021, futuro muito incerto.
A economia mundial desacelera, em especial por causa de outra biruta política, Donald Trump, que prejudica o comércio e o investimento pelo planeta com sua guerra comercial e tecnológica com a China. Turbulento mesmo em tempos tranquilos, Trump vai enfrentar um impeachment e uma eleição dramática em 2020. Não cheira bem.
E o PIB? Tudo mais constante, seria razoável esperar um crescimento de mais de 2%, melhor que nada, mas uma ninharia. O país continua mais pobre do que era em 2010, por causa do desastre da Grande Recessão. Mas note-se que previsões de mercado costumam estar erradas de modo estrambótico. Em dois terços dos anos desde 2002, o PIB não ficou nem no intervalo do valor máximo e mínimo das estimativas dos economistas.
Isto posto, as condições de 2020 são as melhores, desde 2014, para a retomada de algum crescimento, mesmo que precário, com desemprego ainda alto e salários crescendo bem devagar.
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