Descrição de chapéu Opinião Mariliz Pereira Jorge

Gastronomia no Rio não vive só de botequins

Até o mau humor e o descaso tão típicos dos garçons começam a virar lenda

Ilustração mostra mulher com lágrimas nos olhos olhando para um prato cheio de notas de moedas
Silvis
Rio

No quesito comida, o Rio sempre teve a mesma fama que São Paulo amargava com o samba, de túmulo. Como a vida é: a capital paulista virou o maior Carnaval do Brasil e tem gente que desce no Santos Dumont com uma listinha de restaurantes para visitar, devidamente encaixados entre praia e botequim.

Que reputação injusta. Comida boa e chefs talentosos estão bem estabelecidos na cidade desde sempre. Se era por falta de prêmios, pega esses aqui. Em 2019, o Cipriani e o Oteque ganharam uma estrela no “Guia Michelin”,  e o Oro segue com duas. Lasai (74º) e Oteque (100º) integram ainda o ranking 50 Best dos cem melhores restaurantes do mundo.

Convenhamos, endereços gabaritados lidam com uma concorrência desleal. Quem troca um dia de praia por uma reserva num lugar estrelado? Até um tempo atrás, eu não. Era caipirinha à beira-mar, direto para 
a calçada de um boteco com chope trincando e bolinho frito. Mas nem só a “baixa gastronomia” faz verão. Biscoito Globo e mate gelado resolvem a fome, não alimentam a alma.

E a vinda de grifes paulistanas é um bom atestado de que o mercado está mais exigente e tem espaço para quem oferece comida com bossa e qualidade. Quando o Gero abriu as portas há 15 anos, o circuito gastronômico era só mato. Agora é um banquete. Até o mau humor e o descaso tão típicos dos 
garçons começam a virar lenda. 

O que ainda falta é preço. Qualidade quase sempre é sinônimo de strike no cartão, mesmo em restaurantes sem estrelas. Mas começam a surgir opções para quem quer badalar e comer bem sem sofrer uma congestão na hora de pagar a conta.

Mariliz Pereira Jorge
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