Disputada e lucrativa, ponte aérea Rio-SP completa 60 anos

Conheça 30 curiosidades sobre a rota que aproxima as maiores cidades do país

São Paulo

A disputadíssima ponte aérea Rio-São Paulo, rota mais movimentada das Américas e a quarta do mundo, faz 60 anos no próximo sábado (6) —com corpinho de 20.

No ano passado, ela transportou 4,3 milhões de passageiros entre Santos Dumont e Congonhas, segundo a Infraero, estatal que administra 55 aeroportos pelo país. E essa alta demanda, somada à suspensão das operações da Avianca, em maio, tem gerado um rebuliço.

Avião sobrevoa arredores do aeroporto Santos Dumont, no centro do Rio de Janeiro
Avião sobrevoa arredores do aeroporto Santos Dumont, no centro do Rio de Janeiro - Alexandre Macieira/Riotur

Latam e Gol dominam a mais lucrativa das rotas nacionais, que virou modelo de sucesso graças à união de Varig, Vasp e Cruzeiro do Sul no final da década de 1950. A Azul tenta hoje ocupar o vácuo deixado pela Avianca e atribui às concorrentes a dificuldade para conseguir a autorização.

 

Quem sofre com isso são os passageiros que querem (ou precisam) transitar entre as duas maiores cidades brasileiras. Em abril, a tarifa média subiu para R$ 384,21, uma alta de 72%, de acordo com a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).

1959

Varig, Vasp e Cruzeiro do Sul formaram um pool para rivalizar nos voos entre Santos Dumont e Congonhas com a Real, então maior companhia aérea do país e tida como uma concorrente desleal

PARÇAS

As três empresas escalonavam os voos para partirem cheios e num menor intervalo, além de permitir o uso do bilhete de qualquer uma delas no primeiro avião disponível

BATISMO

O nome “Ponte Aérea Rio-SP” teria sido dado por Ruben Berta (foto), na época presidente da Varig, inspirado pelo termo “Air Bridge”, usado pelos americanos nas operações aéreas que levavam suprimentos a Berlim Ocidental durante a Guerra Fria

CASAL

Os atores Walmor Chagas (1930-2013) e Eva Wilma viveram um casal no comercial de TV da ponte aérea

Eva Wilma e Walmor Chagas em cena do filme "São Paulo S.A."
Eva Wilma e Walmor Chagas em cena do filme "São Paulo S.A." - Divulgação

AVIÕES

No início da ponte aérea, o modelo de avião utilizado pela Varig foi o  Convair 240, com 40 assentos, A Cruzeiro do Sul usou o mesmo, além dos modelos 340 e 440 (de 40 a 44 assentos). Já a Vasp voou com Saab Scandia, que podia ter de 32 a 36 poltronas

MIXARIA

Nos primórdios do pool, um regulamento entre as três empresas limitava o serviço de bordo em água e café apenas. A regra não durou muito. Pouco tempo depois, sanduíches eram servidos aos passageiros

FARTURA

Não demorou muito para que cafés da manhã, almoços e jantares, com cerveja, vinho e uísque, também fossem servidos aos passageiros

388 MIL

Passageiros foram transportados durante o primeiro ano cheio de operações do pool de companhias aéreas na ponte

1962

O avião turboélice Lockheed L-188 Electra começou a operar no trajeto. Eleito o grande símbolo da ponte aérea, o quadrimotor reinou como único modelo de aeronave usado na rota de 1975 até a entrada em cena dos jatos 737-300, da Boeing, em 1991

FUNDÃO

Os Electras tinham uma disputada sala no fundo. Lá, executivos faziam reuniões durante os voos e famosos ou anônimos fumavam e bebiam champanhe, uísque ou vinho. Muita paquera também rolava entre os passageiros

O avião Lockheed L-188 Electra, utilizado como aeronave exclusiva da ponte aérea de 1975 a 1991
O avião Lockheed L-188 Electra, utilizado como aeronave exclusiva da ponte aérea de 1975 a 1991 - Reprodução

SHOW DO MILHÃO

A marca de 1 milhão de passageiros transportados em um único ano na ponte aérea foi alcançada em 1975

1986

Fumantes e não fumantes passaram a ser separados dentro dos Electras. Os que não fumavam tinham disponíveis 49 assentos, todos do lado direito. Já os fãs de cigarros, charutos e cachimbos podiam sentar em 41 lugares, no lado esquerdo e no fundo da aeronave

CONCORRENTE

A Tam (hoje Latam) criou em 1989 sua “Super Ponte”. Comandantes na porta, tapete vermelho, bebidas e quitutes eram diferenciais, numa época em que a fartura do serviço de bordo havia sumido

BRAÇO DA VARIG

No mesmo ano, a Rio-Sul, uma subsidiária da Varig, criou o "Top Service Rio-Sul Nova Geração"

BRASIL-SIL-SIL

A companhia aérea foi a primeira a operar no trajeto com um equipamento nacional, o EMB-120 Brasília

CORUJÃO

Ainda em 1989, a Rio-Sul iniciou a “ponte da madrugada” , um voo que saia de Congonhas à 1h

1991

A era dos jatos teve início em 11 de novembro. Pelé e Malu Mader foram dois dos ilustres convidados a bordo do Boeing 737-300, da Vasp, que partiu de SP com destino ao Rio

APOSENTADO

O último voo do Electra com passageiros pagantes na ponte aérea foi em 5 de janeiro de 1992, do Santos Dumont a Congonhas. A despedida foi destaque no Jornal Nacional, da TV Globo, com discurso emocionado do comandante do avião

ADEUS, LUXO

"De que adianta ganhar 15 minutos a menos de voo se vou perder 15 centímetros de espaço na poltrona?”, disse Jô Soares, usuário frequente da ponte aérea, ao lamentar a aposentadoria dos Electras

 
O apresentador, ator e escritor Jô Soares em seu apartamento, na região central de São Paulo
O apresentador, ator e escritor Jô Soares em seu apartamento, na região central de São Paulo - Jardiel Carvalho - 29.nov.18/Folhapress

1998

A ponte aérea mudou provisoriamente pela primeira vez em 13 fevereiro de 1998, quando um incêndio destruiu parte de um terminal do aeroporto Santos Dumont. Os voos acabaram sendo transferidos para o Galeão, localizado na Ilha do Governador, e ali permaneceram até 14 de agosto daquele mesmo ano

EM CANA

Também em 1998, o cantor e político Agnaldo Timóteo foi preso após agredir uma comissária de bordo num voo que o levaria do Rio para São Paulo. Ele foi solto depois de pagar fiança de R$ 60

2002

A Gol recebeu autorização para entrar na ponte aérea. A companhia foi a primeira a operar no Santos Dumont com uma aeronave do porte do Boeing 737-800, que tem capacidade para levar até 189 passageiros

DECADÊNCIA

Nos anos 2000, as empresas do pool faliram. A Varig, que havia adquirido a Cruzeiro do Sul no passado, encerrou suas atividades em 2007. Dois anos antes, a Vasp já havia saído de cena. A Transbrasil, que entrou no consórcio em meados da década de 1960, fechou suas portas em 2001

4,3

Milhões de passageiros foram transportados na rota em 2018. Recorde registrado desde a criação da ponte aérea

 

2019

De janeiro a abril, a média diária de voos do aeroporto de Congonhas para o Santos Dumont foi de 58, segundo a Infraero. No caminho inverso, a média foi um pouco menor: 50

AERONAVES

A Latam opera no trajeto com um modelo de aeronave, o Airbus A319. A Gol utiliza os modelos Boeing 737-700 e 737-800

VOO

O tempo médio de viagem para o trecho Congonhas-Santos Dumont é de 45 minutos. No caminho inverso, é de 55 minutos

PARA O ALTO E AVANTE

A altitude máxima de voo de Congonhas ao Santos Dumont é de 25.000 pés (7.620 metros). No sentido Santos Dumont-Congonhas é de 28.000 pés (8.534 metros)

AEROPORTOS

O Santos Dumont é o sexto maior aeroporto do Brasil em fluxo de passageiros. Sua pista principal tem 1.323 m de extensão. Já Congonhas é segundo mais movimentado do país. A pista principal dele é maior, com 1.940 m

PLÁSTICA

A pista principal do Santos Dumont passaria por uma reforma em agosto, mas a Infraero anunciou o adiamento das obras por falta de autorização da Anac para o uso da pista auxiliar. Nela, por ser menor, grandes aeronaves como o Boeing 737-700, o Airbus A318 e o Embraer E-190 ficariam impedidas de pousar e decolar

Fontes: Anac, Banco de Dados Folha, Gol Linhas Aéreas, Infraero e Latam Linhas Aéreas Brasil

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