Chileno produz um dos espumantes nacionais mais cobiçados do Brasil

Mario Geisse chegou ao país em 1970 para implementar a operação da Chandon

Marília Miragaia
São Paulo

O enólogo chileno Mario Geisse não gosta de viajar —só se for a trabalho. Isso o trouxe ao Brasil em meados da década de 1970, para estruturar a operação da Chandon no Sul. Foi quando soube que, na terra do calor e do samba se faz, sim, vinho. 

Naquela época, a marca francesa famosa pelos champanhes produzia aqui também vinhos tranquilos —como se chamam os tintos e brancos sem borbulhas. Mas, na hora da prova das primeiras safras, justamente o espumante brasileiro o impressionou. Era surpreendente e, sem dúvida, melhor do que aqueles que fazia no Chile, onde participava da revolução vinícola que vivia o país.

 

Em um tempo sem celulares, programas, mapas de geolocalização, ele aprendeu sozinho o que, hoje, a maioria dos enólogos sabem desde o primeiro dia no campo: entender as características e delimitar um terroir, um conceito que envolve solo, clima, iluminação —e todo o elemento que circunda um vinhedo, seja um lago, seja uma floresta.

Pois na Serra Gaúcha, essa equação é perfeita para o espumante, como em poucos lugares no mundo.

Mas foi devagarinho que o país se firmou em um espaço tão conservador. “Os preconceitos do universo do vinho podem ser abolidos com bons rótulos”, diz Geisse. 

Durante uma feira de vinhos em Bordeaux, na França, uma das mais importantes capitais do vinho, ele encontrou uma brecha para servir um espumante brasileiro —já com sua própria marca, a Cave Geisse. 

Ele falava sobre a qualidade da produção do novo mundo, ao que um colega francês retrucou, afirmando que era impossível criar espumantes no Brasil. Tratava-se de Philippe Dumont, responsável pelo champanhe Dumont, que experimentava um exemplar brasileiro sem saber. 

Ficou tão impressionado que veio para cá conhecer a vinhas. Na volta, convidou o chileno a produzir um vinho em Champagne: o Cave Geisse Philippe Dumont Premier Cru. Mas, hoje, sabe-se: não é preciso ir tão longe.

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