Cepa, na zona leste, é o melhor restaurante para quem não quer gastar muito

Júri - Melhor para não pesar no bolso

Magê Flores
São Paulo

O tempo, num restaurante, é o que lubrifica engrenagens. Bom, se fosse assim e ponto, casas recém-abertas seriam sempre uma sinfonia de rangidos. No Cepa tudo brilha de tão novo, mas é como se ele já existisse há anos. 

Talvez não tenha nascido naquela casa do Tatuapé, mas frequenta o bairro há muito tempo. Foi lá pros Jardins passar uma temporada. Aprendeu muita coisa, descobriu talentos, mas pegou de volta a Radial Leste. Se hospedou em outra casa, entendeu o que queria e o que não queria num negócio. Decidiu que era hora de ter o seu cantinho.

O lugar que encontrou estava todo esquisito. Precisou de seis meses pra arrumar. Seis meses. O mesmo tempo que leva pra curar embutidos. E começou as receitas antes mesmo de ter placa na porta.

É como um jovem de alma antiga. A energia de um adolescente, que aguenta horas de pé na cozinha ou sorrindo no salão, e a paciência de um ancião, que faz caldas para a compota de tangerina, em um processo que leva três dias, até que fique perfeita para acompanhar a ricota fresca, preparada naquele mesmo dia.

Um sonhador, que quer oferecer comida e bebida boas para quem não está com a carteira recheada. Que quer vinhos puros, sem aditivos para corrigi-los, cheios de fruta. 

E alimentos puros, vegetais orgânicos e pães fermentados naturalmente ali mesmo.

Um senhor sábio, que reúne pequenos produtores e que entendeu que não dá pra desperdiçar alimentos: podem virar conservas, prato especial ou comida de funcionário. 

O Cepa é como uma nova paixão, vigorosa e inebriante. E também como um antigo amor, sereno e familiar.

Tem a juventude de seus donos e a maturidade de seu casamento.

Restaurantes

Cepa

Variada
até R$75.35

A proposta do chef Lucas Dante é ter uma cozinha autoral baseada no ingrediente --na sazonalidade e nos processos de transformação, como cura e fermentação. Bom exemplo é tábua de curados homemade (copa-lombo, lardo, pancetta e papada) com pão de campanha e picles (R$ 24). Opção de principal, o dianteiro de angus com feijão-branco no xerez (R$ 55) surpreende a expectativa. A carta de vinhos, assinada pela sommelière e sócia Gabrielli Flemming, destaca rótulos orgânicos e naturais. No almoço, a casa tem sugestão de prato do dia por R$ 30.

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