A inglesinha de três anos, que nasceu na terra da rainha quando os pais lá viviam, passou uma temporada no hospital assim que chegou ao Brasil. Deslumbrada com a dedicação dos médicos, almejou um dia também fazer o bem na vida de outra pessoa. Cogitou a cursar medicina. Mas alguma voz interna dizia que aquele não era o caminho.
Lembrou dos tempos de infância, quando cozinhava com a avó e do quanto aquilo a satisfazia. “Por instinto, e escondida dos meus pais, me inscrevi no curso de gastronomia na Universidade Anhembi Morumbi”, relembra. Avisou a eles na véspera.
No segundo ano de faculdade, em 2014, decidiu produzir o próprio chocolate. Num pequeno cômodo do seu apartamento, com uma máquina desenvolvida pelo pai, nasceu a marca Luisa Abram.
A missão: usar como matéria-prima o cacau nativo da Amazônia. “Não queria ser só mais uma ‘bean to bar’ [expressão em inglês que significa da amêndoa à barra, no qual o fabricante participa de todas as etapas de produção do chocolate]. Quando cheguei lá, vi a oportunidade de trabalhar com comunidades ribeirinhas, de fazer um benefício para a microeconomia da região.” Ela encontrou o tal propósito de vida.
Dessa primeira expedição, trouxe 20 kg de cacau na mala. Hoje, a produção é de 400 kg por mês, em cinco linhas diferentes (uma para cada ano da marca) e com exportação para seis países —o primeiro, por coincidência, foi a Inglaterra. A meta é chegar ao Japão. “O próximo projeto é fazer chocolate ao leite e chocolate branco com leite em pó brasileiro.” Nacionalidade que, sim, também é dela.
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